23 de dezembro de 2008

Feitiço de Amor

Cláudia Consciência
Enfeitiçaste-me!
E sob o teu feitiço
Presto-te vassalagem
Vem ter comigo, meu amor
Bebe desta minha tortura
Bebe desta minha paixão
Bebe toda a minha decadência
Porque não sei dizer-te que não
O meu coração estilhaçado
Afoga-se em sangue na tua mão
Do retrato do meu corpo, da minha alma
Somente o flash desta imensa desilusão
Recuso-me a acordar deste sonho
Não agora que te sinto e me sinto tão bem
Só me resta que ele se apague
E se despeje em mim a cruel realidade
Essa verdade mentirosa que recuso
Que me grita que por ti me perdi…em vão
Porque nunca me encontraste
Enfeitiçaste-me!
E sob o teu feitiço não sei
Nem quero dizer-te que não

21 de dezembro de 2008

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Álvaro de Campos

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Quando a palavra não muda nada...

...porque já foi tudo dito!

Libertar-me…

Cláudia Consciência
Corta estas correntes que me prendem
Não quero trancar-me por dentro
Não quero esquecer como sinto a tua ausência
Vou permanecer aqui com toda a minha tristeza
Para nunca saber o vazio que deixarás em mim
Pergunto o que há de errado comigo
Ou contigo
Ninguém responde
Porque não te oiço?
Porque são mudas as tuas palavras?
Como eu queria deixar-te ir…
Sozinha na escuridão afogo a tua partida
Qualquer coisa é melhor do que ficar sem ti
Sem nós
Terei eu de voar para longe
Para encontrar o meu verdadeiro lugar?
Não quero trancar-me por dentro
Não quero esquecer como sinto a tua ausência
Meus Deus, conseguirei eu libertar-me….de ti?